20.5.06

ele sempre esperando, esperando godot, talvez. diz para ela ter paciência com ele, vai passar. ela precisa de atenção, ele desconversa, mil desculpas para se omitir. a presença dela o angustia mais ainda, não pode imergir em sua escuridão. ela cede a um rápido desespero, não sabe como retê-lo, diz que vai esperar. ele tem dúvidas, mas não consegue reagir, queria abrir o peito e mostrar tudo para ela, escancarar seus enigmas. a tristeza o absorve e ele sussurra qualquer coisa para preencher o silêncio. ela parece satisfeita com essa tênue ponte de palavras. ela se engana, ele não se deixou fixar, escorregou de sua percepção. ele pensa nela com carinho e foge no fim de semana.

1.5.06

hi, stranger. é embaraço que sinto diante de ti, um embaraço em arrumar minhas idéias, minhas teorias, minhas preocupações, minhas sensações, minhas dúvidas, minhas emoções e meus sentimentos. embaraço em traduzir tudo em palavras precisas e claras para me mostrar. esforço-me, com derrota. e angustio-me por saber da derrota já antecipada. tento disfarçar o embaraço com uma prosa ágil e confiante, você parece acreditar nessa cena, não desconfia quê. sinto-me menor e olho o tempo, querendo que acabe logo para que eu possa voltar ao castelo seguro do eu sozinho e nunca mais sair de lá. sinto-me vazia e preciso do silêncio para me encontrar de novo, imensa.
não, não é só embaraço, é mais, é pavor de encarar seu olhar, de ter que procurar algum som para preencher o espaço. penso em sair correndo, procuro me esconder por trás de uma bobagem qualquer, ganhar tempo. mas você não desiste, quer me despir. e eu começo a duvidar que tenho algo a te dizer, algo interessante para dizer. mas eu tenho sim, eu sei, mas não posso, não sob essa pressão, sob esse olhar de espera. não acho que seja medo do teu julgamento, é um pavor de tua presença a me questionar. vai embora logo.