23.2.07

apenas à espera que tudo isso se transforme em memória, porque na lembrança fica mais bonito, dá para quase sentir saudade, porque na lembrança não figurarão essas ausências de agora e esse desconforto em não estar totalmente à vontade para ser eu mesma.

13.2.07

Hoje me preocupa a amargura dos nossos olhos, como se a experiência do mundo não fosse mais do que a frustração, sempre. como se respirar incessantemente a precariedade impregnada em todas as coisas não fosse apenas um passatempo de mal gosto. Sim, talvez encontremos nisso um prazer oculto. Ou talvez seja uma forma de se eximir da necessidade de sermos perfeitos, por que o mundo mesmo não o é. Ou talvez seja apenas covardia. Não sei, aliás, sei menos a cada dia, porque não somente a amargura contamina nossos olhos, mas também a complexidade. Mas reconhecer o quanto a realidade transborda em complexidade não é senão uma forma de bloquear o pensamento. Bem, entre amargos e complexos, ficamos assim, paralisados, quase mortos.

"...y después, la letra de otra canción que dice: me desprendo de los días sin aire, del dolor de estómago, de los huevos sin yema dentro. Me desprendo de mi deseo de morir. De mi deseo de agradar. De mi deseo de matar. Cierro los párpados e estoy em paz. Dejo mis dolores de lado. Dejo mis rencores de lado. Cierro los párpados e estoy em paz" (de la obra teatral "Trece años sin aceitunas")