23.3.06

entre as coisas que detesto com força está uma certa atitude mental que considero infantilidade tardia e que emerge no tom de lamúria arrastada em conversas de bar. são reclamações infantis, pois miram no irremovível, no que é parte da essência mesma do estar-no-mundo. é como um lamento chorão que cobra do mundo tudo o que este insiste em lhe negar. e o mundo, em sua indiferença glacial, lhe deve tanto...
o que a infantilidade tardia é incapaz de enxergar é que a questão é sempre o que se pode fazer a partir dos limites do real, o que é possível construir com o que está dado no horizonte muitas vezes nebuloso do existir.


ilustrando: quanto me lamentei, e talvez ainda o faça lá no fundo solitário, ao me perceber tão pouco transparente a mim mesma e aos outros queridos, assim como ao descobrir a escassa transparência do outro diante de minhas percepções curiosas. mas não se pode fazer muito mais do que aceitar com coragem que, sim, somos seres obscuros e a incomunicabilidade permeia todas as relações
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