5.6.06

hoje te vi e nada falei. tinha dentro uma ansiedade deslocada querendo te ver, mas quando te vi, não tinha nada para falar, como se o desejo fosse só do olhar mesmo. na verdade, queria conversar sobre um monte de coisas angustiosas da mente, mas o que eu tinha para dizer não cabia naquele momento desleixado do cotidiano, entre cálculos de econometria e sociologias de florestan, minhas palavras pediam mais gravidade do ar e um tempo sem fim contado no relógio. quase sempre é assim, não sei preencher o esbarrão no corredor, porque o esbarrão do corredor não pede palavras belas nem sérias, apenas algum som vazio e simpático que demonstre qualquer falsa intimidade.
sabe o que eu queria te dizer? que eu sempre te arrasto em minhas confusões, que nada está pronto, porque tudo é vir-a-ser, nós mesmos e nossas estimadas criações, que meu coração não consegue ter paz da obsessão de perscrutar essa vida imaginada que a gente tenta viver, que é por isso que a arte é essencial para mim, porque nela encontro tímidos raios de luz me mostrando pedacinhos da vida que me espanta tanto, que eu também não quero parar de falar do florestan com você, pois faz parte da vida que não é a imaginada, cuja aridez me intima a pensá-la.
não disse nada, o momento se perdeu. fui embora e você ficou fazendo qualquer coisa na tela brilhante.

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